Lucio Carvalho
Bagé – RS
Emily Dickinson (1830–1886) é uma poeta que teve seus poemas musicados centenas de vezes. No entanto, a poeta que o crítico Harold Bloom marcou como uma figura-chave da literatura ocidental, ao lado de Shakespeare, Jane Austen e Charles Dickens, nunca pôde conhecer os acordes que ergueram seus poemas da planura manuscrita às ondas sonoras. Os gêneros musicais que se valeram dos seus poemas não poderiam ser mais diversos: vão desde a música camerística de Aaron Copland ao jazz experimental da saxofonista Jane Ira Bloom. Em 2012, nove poemas de Emily —um a menos do que ela publicou em vida— ganharam uma sonoridade mais áspera na voz da atriz e cantora israelense Efrat Ben Zur. No disco “Robin”, a poética dickinsoniana é assumida numa voz dramática, que cuida de cada poema com vocais ora delicados ora inesperadamente agressivos. Entre a placidez de A Thought Went Up My Mind To-Day e a impaciência de I’m nobody, não se chega a estranhar a introdução de guitarras distorcidas, afinal, é essa naturalidade musical que faz do registro de Efrat um trabalho precioso para os admiradores da obra da reclusa de Amherst .
As faixas do disco podem ser ouvidas logo abaixo.