Anamaria Filizola
Rio de Janeiro – RJ
O ensaio foi publicado também no n. 59 (2003) da Revista Letras (UFPR).
Eu propus-me a escrever um livro carinhoso e breve
que traçasse o desenho de meus passos aqui no Brasil.
Agustina Bessa-Luís
O livro, a viagem
texto que esta comunicação aborda é o que compõe Breviário do Brasil (1991),1 de Agustina Bessa-Luís. A obra faz parte da coleção chamada “Diário de viagem”, publicada pelas Edições ASA, do Porto. É um livro de luxo, ilustrado por Fernando Távora, com o texto traduzido para o inglês. Por isso pode-se deduzir que seja uma coleção que visa um público mais amplo que o português.
Embora se encontrem ao longo da obra da autora muitas referências ao Brasil, nesse texto Agustina Bessa-Luís relata uma longa viagem em que percorreu vasta parte do Brasil.
O percurso, realizado por um grupo de intelectuais portugueses nunca nomeados, começa no Rio de Janeiro, segue para Recife/Olinda, daí para São Luís/Alcântara, depois Belém, Manaus, Brasília, Salvador, Ilhéus, Porto Seguro, Belo Horizonte, Ouro Preto, Congonhas do Campo e Mariana, para acabar no Rio de Janeiro.
Há que se observar que a viagem não é uma iniciativa da escritora. Faz parte de um projeto intitulado “Os portugueses ao encontro de sua história”, promovido pelo Centro Nacional de Cultura, cujos pormenores desconheço e que não vêm ao caso neste momento. Como todos os textos de Agustina, esse também tem a data do seu término: 28 de junho de 1989. Imagino que tenha sido esse o ano da viagem, pois durante os festejos da Semana Santa o grupo se encontra nas cidades mineiras visitadas. Tampouco a viagem tem como objetivo a escritura do livro, embora haja o ensejo para tal tarefa. Podemos pressupor que, ao anunciar-se a viagem, tenha sido feita a encomenda ou convite à sua escrita.
Igualmente é preciso notar que esta não foi a viagem inaugural de Agustina ao Brasil, tampouco a última. Já tinha estado aqui outras vezes, não somente no Rio de Janeiro, mas em algumas cidades do Nordeste, como João Pessoa, Fortaleza e Recife; e, no Sul, Curitiba. Há, no Breviário, referências a estas outras passagens em solo brasileiro.
O relato de viagem
Diz Agustina Bessa-Luís a certa altura:
Agora que se usa fazer livros de escândalos e nós vamos atrás dessa informação grosseira, que inventaria costumes dando a comer fel até aos mais desprevenidos, não sei que livro escrevo nem o que dele esperam. O que eu vi do Brasil todos podem ver em passeio guiado com um pároco de permeio e algumas senhoras abraçadas às cartilhas turísticas. Mas o que eu vi além disso dá para uma síntese tão resumida, que em dois traços cinjo o Brasil e me sobra compasso e tira-linhas. Foi a bondade de povo prudente e triste o que me impressionou. (p. 26)
Evidencia-se nessa consideração o fato de que não se trata de um livro de turismo como outros que há. Não haveria razão para isso. Por outro lado, não se poderia esperar que Agustina escrevesse algo previsível, um livro com informações encontradas facilmente algures.
O que significa escrever um livro de viagem hoje em dia, quando não resta mais nada desconhecido ou a ser descoberto? (“Não sei que livro escrevo nem o que esperam dele”). Um livro de impressões, certamente. “Foi a bondade do povo prudente e triste o que me impressionou”, diz ela. Mas o livro não se resume tampouco a falar do “povo prudente e triste”.
Tal como acontece com os romances e com as biografias que escreve, também esse relato de viagem se autoteoriza. Há outras reflexões, como a citada, que revelam o pensamento da autora sobre o texto que está a escrever. E como em outros escritos seus, ela tanto confirma como contraria a teoria com a prática. Em algumas passagens deixa entrever um pouco esse reencontro com a história portuguesa, embora afirme: “É evidente que eu não fiz esta viagem ao Brasil para fotografar tipos e divagar sobre a História comum dos dois povos”. (p. 53) Predomina, principalmente no início do relato, um olhar identificador dos traços da cultura portuguesa que por aqui se mantêm, ou mesmo dos traços que se apagam, indeléveis:
Para o turista, o que conta é o folclore, muitas vezes degradado e reduzido à sensibilidade cosmopolita; os vestígios nobres da presença colonial vão-se apagando, e alguns, em breve tempo, serão irrecuperável ruína. Os novos estão empenhados em crescer depressa, tanto mais que crescer implica ingratidão e esquecimento. Não é um mal, é uma fatalidade. Tirar energias da aversão ao passado é uma coisa que se repete no curso das civilizações.
No entanto, é muito bela a memória do nosso continente no Brasil. Há duas nostalgias que prevalecem: o índio da maloca e o negro da senzala. Um erotismo que se enlaça nessas relações submissão-agressão deixa vestígios até na população citadina. (p. 8)
Nessa citação podemos constatar os dois traços temáticos deste simpósio, quais sejam, o ressentimento e o fascínio que podem ser identificados ao longo do texto. Imagino que se o tema não tivesse sido proposto, identificaria mais o ressentimento com seus disfarces e recalques do que o fascínio propriamente, embora ele esteja igualmente presente, sempre com a distância que é peculiar à autora.
A idéia de ressentimento tomamos de empréstimo a Nietzsche, por ter sido o primeiro a sistematizá-la ao longo das páginas da Genealogia da moral. Ocorre-me Nietzsche por causa do traço historicizante entrelaçado com o psicológico e sociopolítico, igualmente presentes em toda a escrita agustiniana. Como é de um ressentimento histórico o que aqui se trata, da mesma forma que não se trata de fazer uma sociologia, o pensamento de Nietzsche pode ser inspirador. Também é reconhecida a afinidade de Agustina com as idéias nietzschenianas.
Assim assinalo na citação as passagens que se referem ao fato de “tirar energias da aversão ao passado” e “crescer implica ingratidão e esquecimento”. Uma leitura rápida dá conta de uma frustração controlada pela interpretação racional que afirma fazer parte do comportamento do colonizado a aversão às marcas do colonizador. Tais categorias não são utilizadas por Agustina em nenhuma passagem do texto. A complexidade da condição da história contemporânea do Brasil, assim como as suas relações com a cultura portuguesa contemporânea ou passada, remetem à questão ainda mais complexa da nossa identidade nacional e nenhuma dessas três questões podem ser resumidas à dicotomia colonizador/colonizado e ela sabe disso muito bem. Note-se também na citação o cuidado em referir-se aos “vestígios nobres da presença colonial”, ou seja, aqueles que mereceriam ser conservados e não qualquer vestígio. São nas expressões “aversão ao passado” e “ingratidão e esquecimento” que podemos identificar o duplo ressentimento: o do brasileiro que rejeita, e o do português, que reconhece a rejeição.
A outra passagem diz respeito a um dos nossos traços identificadores, ou diferenciadores, nesse caso, provocador do fascínio, que é o resultado do relacionamento do europeu com o índio e o negro, propiciador do “erotismo que se enlaça nessas relações submissão-agressão deixa vestígios até na população citadina. ”Atente-se para a referência à “bela memória do nosso continente”, e não apenas à memória portuguesa.
O ressentimento e o fascínio
Falar do ressentimento, ou de ressentimentos equivale a pisar em terreno perigoso. É trazer à tona “os rancores, as invejas, os desejos de vingança e os fantasmas da morte, pois são exatamente estes os sentimentos e representações designados pelo termo ressentimento”, nos ensina o historiador francês Pierre Ansart.2
No que tange às relações luso-brasileiras, podemos nos referir à nossa condição de ex-colonizados, com toda a gama de matizes do que isso significa. E podemos nos referir ao ressentimento de perda da colônia por parte dos portugueses. Mas isso são três linhas e pronto. Muito já se escreveu sobre isso. Os ressentimentos se transformam. A pergunta que fica é se podem ser superados. O tema deste simpósio fala de um entrelugar: entre o ressentimento e o fascínio. Podemos entender que o fascínio se mescla com o ressentimento e que não necessariamente seja sua superação.
Assim identifico o texto de Agustina, um entrelugar em que nos deparamos com o ressentimento e o fascínio, nunca ingênuos, nem poderiam sê-lo. Há passagens em que fica evidente um certo ressentimento português das relações luso-brasileiras que tem raízes no passado ou mesmo em causas do presente. Por outro lado, há uma suspensão momentânea da história frente às naturezas física e social brasileiras que diz do fascínio, assim como a interpretação da história do Brasil como sendo a história de um povo que encontrou sua força plástica e superou o ressentimento, seja de origem luso-brasileira, ou euro-americana ou afro-brasileira.
Algumas afirmações da autora podem parecer muito impressionistas, a carecer de comprovação na realidade, como quando diz que aqui não há racismo, ou que os negros foram erradicados em Belo Horizonte, mas ela nos previne do seu método quando diz: “Dou conta que a melhor maneira de adquirir provas directas dos factos é observá-los como se fossem pura ficção”. (p. 91)
As relações luso-brasileiras
Para Agustina Bessa-Luís, as relações luso-brasileiras têm sua origem na figura do seu pai, que morou no Brasil boa parte de sua vida. Viveu no Rio de Janeiro por mais de 20 de anos. Lidou com jogo e aqui enriqueceu. Voltou para Portugal onde se casou e viveu o resto de seus dias. Continuou ligado ao jogo, teve cassino, cinema. A figura paterna confina com a do jogador sedutor, personagem que freqüenta as páginas de muitos romances agustinianos. O fascínio exercido pela figura paterna, por sua vez, confina com o da sua história de vida e esta inclui o Brasil. Há um tio paterno que se casa com uma brasileira muito bela. Outras pessoas brasileiras povoarão a memória da escritora. Ela faz referência a isso no Breviário.
Quando menina, Agustina lê a revista Tico-Tico. Quando tem 12 anos, lê José de Alencar. É o primeiro contato com a literatura brasileira, com nação e natureza ficcionalizadas. Isso também está referido no Breviário, assim como muitos outros autores que escreveram sobre o Brasil. A compreensão que a autora tem do Brasil não se baseia somente na proximidade proporcionada pela experiência pessoal da viagem ou de quem ouviu história de familiares que aqui viveram. Há uma mediação de textos os mais diversos, ensaio, poesia, ficção. Tudo concorre para um entendimento que se faz por meio da palavra escrita. Aliás, o texto praticamente termina com um discurso por ela proferido na Academia Brasileira de Letras. Nesse discurso fica expressa a importância do papel da literatura na interpretação da nação:
As Academias, como a Academia Brasileira de Letras, que nos recebe no termo duma viagem tão prolongada, são como uma roda de discípulos capazes de interpretar a verdadeira figura do Brasil. Acumulámos impressões, recebemos muitas contribuições para ajuizar por nós próprios. Mas a vós compete o conhecimento, e o legado; a nós, a interrogação e uma boa parte de silêncio. (p. 90)
Sucedem-se pelas páginas do Breviário referências às obras e aos nomes de João Cabral de Mello Neto, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Josué Montello, Raduan Nassar, Gonçalves
Dias, Visconde de Taunay, Tomás Antônio Gonzaga, Gilberto Freyre, Afonso Arinos, os portugueses PadreAntônio Vieira, Ferreira de Castro, Pero Vaz de Caminha e, para completar essa visão dos trópicos, um estrangeiro, o austríaco Stephan Zweig, não necessariamente na ordem em que são agora citados e nem somente eles, ainda há outros, que a lista não é exaustiva. De certa maneira os textos desses autores ajudaram-na a responder às indagações e a preencher o silêncio.
É conhecida a importância atribuída por Agustina à palavra (“Não há nada tão humilde como a palavra, se é sincera”, diz ela nesse mesmo discurso à Academia). Importante é frisar como ela assume a equivalência dos discursos em termos epistemológicos. Um bom romance equivale a um ensaio. As intuições do artista são igualmente importantes para avaliar o que quer que seja. Há sempre a valorização da palavra literária, mas talvez seja a questão da abolição de uma ordem de discurso o mais importante de se notar. Daí não ser esdrúxulo para Agustina ocupar outras séries discursivas que não a literária. Sua competência de romancista lhe garante a segurança (e a legitimidade) para afirmações de ordens diversas. Num raciocínio literário inverso, equivale a dizer que tudo é passível de ser ficcionalizado, inclusive ela própria. Nesse livro de viagens, por duas vezes ela se compara a personagens de ficção: Phileas Fogg, o viajante de A volta ao mundo em oitenta dias, de Jules Verne – “Chego à conclusão que sou uma viajante no género de Phileas Fogg; as paisagens não me interessam muito…” (p. 26) – e Henry Esmond, personagem do romance homônimo de William Thackeray, justamente no fechamento do texto: “Não espero que se divirtam com este livro; eu vejo todos os defeitos dele, como Henry Esmond via os defeitos de Beatrix, o que faz suportável não ter êxito com o que se ama. Que querem? As coisas são assim”. (p. 98)
Voltemos às relações luso-brasileiras. Elas estão presentes no texto de forma implícita e explícita que se expressa também com humor e ironia. As situações vividas ao longo da viagem exemplificam expectativas e frustrações: o projeto se chama “Portugueses ao encontro de sua História”; não são quaisquer portugueses, são gentes de cultura. Os vestígios da sua História, a portuguesa, neste solo brasileiro, são poucos, alguns em ruínas.
As recepções por parte dos políticos e intelectuais brasileiros assim como pela colônia portuguesa presente em muitos dos locais visitados, deixam entrever a ignorância acerca do grupo, equívocos sobre a história de Portugal, os preconceitos para com a cultura lusitana, a pouca memória dessa história comum e até falta de cortesia e certa agressividade.
Associando situações vividas em viagens diferentes, há o relato de uma viagem anterior à João Pessoa, em que, na universidade, falou às mulheres sem saber da fama da “Paraíba mulher-macho, sim senhor”, e não agradou. O professor que a acompanhou, sentia “uma ténue culpa de me ter trazido na onda da cultura oficial, e sem estar interessado nos meus livros, nem pouco mais ou menos” (p. 25). “Fica-te ganho que me dás perda”, conclui ela. A memória desse fato é emblemática de como vê nossas relações culturais.
Em Recife, observa situação similar: “‘As flores, pobres e negras, como os negros, que se abrem ao rio’, isto é como é o Brasil. Quando chegamos ao limiar da prefeitura, e uma mulher recepcionista nos guia, sem abandonar o olhar céptico, porque a prefeitura é o santuário dela e nós somos sabe Deus quem, como e o que fazemos”. (p. 15)
Observa também: “Amam à primeira vista, os brasileiros. Se bem que ser português nos confunde, entre gente dirigida e nacionalista, com invasores e negreiros. É um país, portanto, de paradoxos”. (p. 26)
Se os fatos são esses, ela não se rende a eles. As afirmações sobre sua história pessoal com o Brasil, seja através das relações familiares e de amizade, assim como da variada leitura da nossa literatura, a diferenciam do português em geral, e mesmo do restante do grupo. O texto que é dado a ler é prova disso. “Devo dizer que não me interessa nada o que se diz em geral do Brasil e dos brasileiros. São coisas sem nenhuma relevância; sem nenhuma importância no que se pensa que são coisas muito bem vistas”. (p. 15) A sua experiência pessoal de viagens e leituras concorrerá para essa escrita que se quer original.
É Nietzsche que diz:
Não conseguir levar a sério por muito tempo seus inimigos, suas desventuras, seus malfeitos inclusive – eis o indício de naturezas fortes e plenas, em que há um excesso de força plástica, modeladora, regeneradora, propiciadora do esquecimento (no mundo moderno, um bom exemplo é Mirabeau, que não tinha memória para os insultos e baixezas que sofria, e que não podia desculpar, simplesmente porque – esquecia).3
Tal como Mirabeau, que esquecia os insultos e por isso não os podia desculpar,Agustina elide o ressentimento basilar das nossas relações, mas não o ignora nem o esconde.
O que nos aproxima
Este recorte feito ao livro poderia terminar aqui, mas há duas passagens que merecem referência, ainda que rápida, porque incidem sobre a relação Eros e Tânatos. Trata-se de dois interlúdios à narrativa da viagem. Um, mais longo, diz respeito à leitura de um livro sobre Lampião e o outro à Imperatriz Leopoldina, quando da visita ao Museu Imperial, em Petrópolis.
Lampião fascina por seu comportamento e o que tem de revelador da nossa psicologia: “Depois, havia nele uma singularidade própria do brasileiro: o disfarce da sua natureza trágica. Disfarce que, não raro, toma o aspecto da alegria tumultuosa e do crime mais violento”. (p. 50) E ainda: “Para conhecer um povo é preciso conhecer os seus criminosos e a rede de delinqüência em que eles se desenvolvem e se armam”. (p. 52)
D. Leopoldina fascina pelo mistério de sua morte, que não combina com sua compleição física, com a alegria com que chega à corte brasileira. Mas em meio aos exotismos que a encantam, tem que suportar o comportamento violento do Imperador. Ao referir-se ao fato de ele ter instalado a amante no mesmo palácio que a mulher, comenta:
É um procedimento como não há outro desde a primeira dinastia; nem Pedro, o Cru, foi tão insolente, que tinha Inês em recatada casa, tanto na praia da Baleia, como no Candal, ou Coimbra, e, mesmo assim, o escândalo fervia e punha rubor na cara dos áulicos. (…) Mas não era por isso que D. Pedro era rude e orgulhoso de sua vontade, sensual e política. Diziam-no brasileiro demais e confederado com os revolucionários de Minas. (p. 83)
Vou me furtar de analisar essas passagens, mas há que comentar o desconforto (e, por que não, ressentimento?) de nos vermos retratados na criminalidade, na violência, numa sensualidade desmedida. Não é esse o retrato do Brasil e brasileiros que prevalece no Breviário, devo dizer também. Há encantos fascinadores que são igualmente resgistados com muita perspicácia. Retorna a pergunta: é possível superar os ressentimentos? Parece-me que não. Nem os nossos, nem os deles.
Num texto de Agustina tudo é dito, com a sinceridade da palavra. Por isso não é um livro divertido – nem para nós nem para os portugueses. E aos leitores, nos é vedado reclamar. Lembremos as últimas palavras do livro: “Que querem? A coisas são assim.”
Referências
1 BESSA-LUÍS, A.; TÁVORA, F. Breviário do Brasil. Porto: ASA, 1991. 189 p. (Diário de viagem). Tradução para o inglês por Mason Funk. O livro, com dimensão 0,24m
x 0,30m, tem capa dura encadernada com tecido e sobrecapa; é impresso em papel couché.
2 ANSART, P. História e memória dos ressentimentos. In: BRESCIANI, S.; NAXARA, M. (Orgs.). Memória e (res)sentimento. Campinas: Unicamp, 2001. p. 15-36.
3 BESSA-LUÍS, A.; TÁVORA, F. Breviário do Brasil. Porto: ASA, 1991. 189 p.
4 NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. Tradução, notas e posfácio de: Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
Anamaria Filizola é licenciada em Letras pela Universidade de Brasília (1974), tem mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1977) e doutorado em Letras (Teoria Literária) pela Universidade Estadual de Campinas (2000). Atualmente é professora aposentada da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Portuguesa, tendo pesquisado longamente a literatura de Agustina Bessa-Luís., discursos biográficos e figurações de D. Sebastião na literatura ficcional.
Este trabalho analisa Breviário do Brasil (1991), relato que é fruto de viagem empreendida ao Brasil em 1988, por ocasião do ciclo “Os portugueses ao encontro da sua história”. O trabalho aborda o gênero do relato de viagens no contexto da prolífera obra da autora e suas impressões no contexto do tema do simpósio, a saber: relações luso-brasileiras: entre o ressentimento e o fascínio. O livro foi reeditado no ano de 2022 pela editora Relógio D’Água, em Portugal. O texto presente, ampliado, é o prefácio da nova edição.