POESIA

Solário

Imagem: Anonymous, 18th century.

É bonito ver nas folhas das fanerógamas,
as sementes iluminadas pelo sol,
parece que sairão em revoada feito pássaros
para fazer ninhos noutros bosques –
a intensidade das criptógamas
convida o olhar aos ramos da samambaia
caindo numa cascata verde de esperança,
esparramam-se feito colar de esmeraldas.
O meu olhar recria estas correntes de vida adolescente,
enquanto a natureza procura apenas renovar-se
de uma maneira suficiente.

Tudo isso é agradável,
as flores sobre o velho balcão de madeira,
o sol de inverno irisando a cristaleira.
Ficar assim neste solário, em paz –
sozinho na manhã que se desfaz.

O sol, à medida que o dia caminha,
ilumina as páginas do livro da vida
que teimo, ainda, em não fechar.

José Eduardo Degrazia nasceu em Porto Alegre em 1951. É médico oftalmologista. Como escritor, tem publicados diversos livros de contos, poesia, novela, e infantojuvenil. O mais recente é As cidades conquistadas, finalista do Prêmio Oceanos de 2025.

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