POESIA

Um poema de Mauricio Rosa

Imagem: Jean de Bosschère, 1921.

Rastros de ódio

nos ensinam
a ter um cão vigia ao lado da cama

e sobre a cama um travesseiro
ocultando um canivete
nas espumas de pesadelo
que sustentam a nossa cabeça

pois jamais devemos chorar
por cima de uma lâmina
fadada a sangrar alguém
durante uma briga por território

por isso então cercamos nosso distrito
e apontamos rifles para o vazio:

é permanente o estado de caça

mesmo com grades e lanças
protegendo o nosso casebre
há de se ter o cão o canivete o pesadelo

pois um homem nunca dorme profundamente

Maurício Rosa vive em São Paulo e tem 31 anos. Formado em Letras e Gestão Empresarial (pós-graduação em Comunicação e Marketing). Participou das oficinas de escrita coordenadas pelos escritores Nelson de Oliveira, Afonso Cruz, Marcelino Freire e Bruna Mitrano. Teve contos publicados nas antologias Contos & Causos do Pinheirão e Retratos pandêmicos. Atualmente escreve poemas e publicou em outubro de 2023 o livro Vamos Orar Pela Vingança, em formado de e-book


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