POESIA

dean: uma seleção de poemas

Imagem: Ilustração na página 415 do livro "Outing" (1885). New York : Outing Pub. Co.

escamas

estou sozinha em meus pensamentos
sozinha tomando sol na praia
pensei que o mar me traria respostas
que pelo menos me acalmaria
areia sal brisa
e eu bem ali
em meio aos banhistas e ambulantes
deslocada

errata: olhar
pro mar

pedindo
pedindo
pedindo
não te dará guelras

§

um crânio quebrado a marteladas
o sangue escorre nas têmporas
as ideias que me são mais caras
são roubadas pelo passar dos dias

§

mar verde, azul, cinza, prateado
céu azul, branco e preto (nublado)
quem sou eu sozinho aqui embaixo
segurando cabeças ensanguentadas

§

com as luzes todas apagadas
há uma única vela roxa acesa
meu reinado pode começar
onde findará nosso gozo

§

o que é feito na escuridão
deverá revelar-se na luz
branca, leitosa e líquida
por cima da barriga
depressa, senão escorre!

§

ícaro que zombou da terra e encontrou nela um violento pouso
com a ponta dos pés pulo as estacas que plantaram no meu olho
a vida de quem se opor a verdade encontrará um caminho tortuoso
sobe o mais alto que pode o orgulho descarado e tenebroso
ninguém poderá se opor quando minha voz bradar no meio do oco
a razão insólita queimará na ponta dos dedos do falso ao poderoso

dean tem 31 anos, é cearense, formado em filosofia (não praticante), adepto de leituras preguiçosas e escritor por acaso. É autor dos zines “Como estou me sentindo agora”, “Poesias de amor V. 2”, “Casulo”, “dentro dos dias”, “EXO”, “zine de poesias emocionalmente exageradas” e “UNÂNIME”.


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